PARA QUE NINGUÉM SE ESQUEÇA 124 bilhões de dólares e uma conta chamada 'Tucano'. O assalto de 250 bilhões

 



(por Armando Rodrigues Coelho Neto, GGN)

Aconteceu na década de 1990. US$ 124 bilhões foram retirados do Brasil através das chamadas contas CC5. Há quem diga que, na época, nem as reservas brasileiras em dolar chegavam a esse total. O banco usado para a roubalheira foi o Banestado e o ralo era Foz do Iguaçu/PR.

Na época o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, permitiu que cinco bancos operassem as contas CC5 em Foz, e não fiscalizou as operações feitas pelo antigo Banestado, o privatizado Bemge, o Banco Araucária, o Itaú e o Banco do Brasil. Pelos aviões CC-5 foram desviados para o exterior cerca de U$ 250 bilhões.

Também meio antes, durante ou depois – a essa altura pouco importa -, aconteceu a CPI dos Precatórios, que gerou a Operação Macuco da Polícia Federal, a qual descobriu que pelo menos US$ 30 bilhões daquela cifra foram remessas ilegais. Não esquecer que um precatório para ser pago, e todos com correção monetária, tem que ter a valiosa e cara assinatura de um presidente de tribunal de justiça.

Durante as investigações, a Procuradoria da República ia junto aos órgãos oficiais, perguntava uma coisa, respondiam outra. Refazia o pedido e a resposta vinha incompleta. Aí ela radicalizou: pediu a quebra de sigilo de todas as contas CC-5 do país.

A PF descobriu que o dinheiro passava por Nova Iorque (EUA), uma roubalheira que, apesar de gigante, seria apenas a ponta de um iceberg. Entre os suspeitos estavam empresas financiadoras de campanha, alto empresariado em geral e membros da alta cúpula do governo de Fernando Henrique Cardoso.

O rombo era tamanho que os promotores americanos, abismados com o volume de dinheiro que circulou naquela cidade, quebraram o sigilo bancário em Nova Iorque. A equipe da PF foi reconhecida e ganhou a simpatia até do enfadonho e burocrático Banco Central (EUA), além da FBI.

O mecanismo descoberto era um traçado muito bem articulado, de modo que os verdadeiros nomes dos titulares não aparececem. Desse modo, num passe-repasse, plataformas financeiras e coisa e tal, os trabalhos para ocultação envolviam até cinco camadas ocultadoras.

Com esse grau de sofisticação, investigar seria percorrer o complexo caminho inverso, mergulhar nas tais camadas, até se chegar aos verdadeiros titulares do dinheiro.

Estava tudo tão bem protegido, que a prática consolidou-se, e como a corrupção no país é endógena, além de 'lubrificar economias' (a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE que o diga!) os ratos foram abrindo a guarda. Com impunidade garantida, alguns grandes nomes relaxaram e apareceram por descuido.

Haja descuido! Surgiu até um óbvio 'Tucano' e um aleatório 'Serra'. Tão óbvio que deixou perplexo não só o delegado que coordenava o trabalho, mas também os procuradores. Mero ato falho e primário, em tempos de abertura de guarda, de 'engavetadores gerais da República'. Tempos de gente honrada, da dita 'grande mídia' calada, dos arautos da moralidade hodierna.

Há uma entrevista no Youtube com o delegado federal José Castilho Neto, coordenador da Operação Macuco. Sem fulanizar ou partidarizar, ele reclama da oportunidade aberta e perdida, naquela época, para o enfrentamento da banda podre, seja da política, seja do empresariado. O Cônsul do Brasil, que trabalhava em Nova Iorque, teria dito para as autoridades americanas que a cabeça do delegado Castilho 'estava a prêmio'. Só não disse quem seria o pagador, se os protegidos ou os protetores. Castilho foi afastado.

O leitor a essa altura deve estar se perguntando: Por quê esse saudosismo tanto tempo depois?

Primeiramente, para lembrar que a podridão de antes não inocenta ninguém, mas pode provar a hipocrisia dos que hoje posam como arautos da moralidade. Mostra o cinismo da direita e demonstra claramente a postura golpista da dita 'grande imprensa'.

Em segundo lugar, para não ter que retornar aos tempos do Brasil Colônia ou da mordaça da ditadura militar, é preciso reafirmar que esse caso escabroso, narrado acima, ocorreu na era do impoluto Fernando Henrique Cardoso. Sabe qual emissora de televisão de maior audiência? TV Globo. Sabem quem era o doleiro? Alberto Youssef. Sabem quem era o juiz? Sérgio Moro.

Da pág de Marisa Maltauro


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