NÃO VÃO NOS CALAR: MARIELLE FRANCO: PRESENTE
NÃO VÃO NOS CALAR - PRESENTE |
Por Anônimo[*]
Foi muito difícil começar a escrever este texto, sem chorar. A maturidade impede minhas lágrimas de brotarem mais facilmente. Acostumaram-se às barbáries cometidas contra negros e negras sem invadir meu rosto desesperado. Minhas lágrimas transformaram-se em pedra capaz de arrebentar meu coração a qualquer momento pela incapacidade de reagir a tanta crueldade a tanto desprezo pelos brasileiros e brasileiras por parte das classes dominantes e seus vassalos. As balas assassinas calaram a voz de Marielle Franco mas não destruiu, em nós, o desejo de justiça, reconhecimento, respeito; tornou-os mais forte. Hoje eu sou a voz do morro sim senhor, a dor do morro, a revolta do morro, o ódio do morro, o amor do morro. Porque o morro é ferida aberta a incomodar a sociedade hipócrita, indiferente às necessidades de humanidade dos humanos. O morro é o retrato de um Brasil odorador de massacres, de matança de inocentes, destruidor de consciências libertárias.O morro grita por direitos todo o sempre e resiste á surdez dos responsáveis por sua condição de abandono, de descaso: os salteadores da nação. Os teimosos em querer mudar o estabelecido por eles são calados à bala. Idiotas, pensam que assim silenciam nossa exigência por igualdade de direitos. A morte de Marielle evidencia o quanto ainda é preciso caminhar para derrotar os seguidores da Klu KLUX KLAN nacional. Desmascara o mito do país cordial, tolerante, quando na realidade, o Brasil está entre os países mais violentos do mundo. Violência que se volta. maciçamente, contra a população negra. Se o desejo dos assassinos era matar um sonho, um ideal de justiça, não conseguiram, o assassinato de outra mulher transforma-a em mártir, fortalece nossa ânsia no combate aos donos deste projeto de nação. A herança da politica honesta e batalhadora continuará servindo de inspiração para muitas mulheres, independente da cor. Choremos hoje, toda a indignação que nos domina desde sempre, pelo desrespeito histórico com nossas vidas. O Brasil nos tomou tudo, menos nossa dignidade, nossa crença em derrotar os fiéis a interesses espúrios. Hoje, sou a dor do morro do morro do Cantagalo, do Boreo, da Rocinha, do Vidigal, do Alemão e principalmente do morro da Maré onde Marielle nasceu e tentava acabar com as raízes seculares do abandono. Hoje eu sou a voz do morro gritando COVARDES, COVARDES, COVARDES, COVARDES mil vezes COVARDES. Até logo Marielle, você não partiu . Sua coragem suplanta sua morte. Sou um pedação de você. Orgulho, gratidão.Um beijo para sua filha, único conforto neste momento de dor!
* Graduação na faculdade da vida
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