A coragem de uma mãe


Mais um caso de assassinato chocou a população das comunidades pobres do Rio de Janeiro. A morte, em 2/4, de Eduardo de Jesus por um policial militar no Complexo do Alemão mostrou como é falha a política de segurança pública na cidade baseada nas UPPs (Unidades de Polícias Pacificadoras). A mãe do menino mostrou coragem ao acusar um PM de ter atirado na criança. O número de mortos pela polícia do Rio de Janeiro, segundo dados do Instituto de Segurança Pública, cresceu 40% entre 2013 e 2014, de 416 para 548.


O coronel Ustra teve a finalização das funções de seu corpo físico. Contudo, a máquina de triturar corpos, a arbitrariedade, e produzir medo, em meio à democracia, permanece 



No dia 2 de abril deste ano, mais um caso de uma criança assassinada pela polícia militar. Eduardo de Jesus, um menino de 10 anos que estava sentado em frente a sua casa no Complexo do Alemão, Zona da Leopoldina do Rio de Janeiro, foi atingido na cabeça por policiais da UPP que praticavam tiro ao alvo, atirando contra tudo o que se mexia na rua.

A mãe de Eduardo, Terezinha Maria de Jesus, testemunhou a morte de seu filho e avançou para confrontar o policial que acabara de disparar.

O assassino disse que já havia matado a criança e que poderia matá-la também ao que ela respondeu “pode me matar, você já acabou com a minha vida”.

Os policiais alteraram o local do crime acreditando na impunidade que existe na prática.

Nos dias seguintes essa mãe se manteve firme e resistiu à intimidação realizada por policiais, e continuou denunciando os assassinos de seu filho.

Isso foi fundamental para que Eduardo não tivesse sido contabilizado como mais um homicídio não esclarecido.

A forma como essa mãe converteu seu luto em indignação, encontrando forças para lutar, é extremamente notável.

Ela desmascarou o coordenador do Afroreggae, José Junior, que colocou uma nota nas redes sociais relativizando a morte do garoto e, utilizando-se de uma foto de outra criança, afirmou que Eduardo seria um bandido.

José Júnior, que nas últimas eleições foi cabo eleitoral de Aécio é uma das figuras da nova direita que vem sendo constantemente trabalhada pela mídia e pelas organizações Globo.

Além de ter tido um programa no GNT, o mesmo teve seu nome constantemente trabalhado na última edição do programa Big Brother da qual participava um funcionário seu.

Além de ter que enfrentar a ameaça de também ser morta por policiais, a mãe de Eduardo lutou para preservar a dignidade e o nome de seu filho morto.

Essa é a força da classe operária, por isso ela é imbatível, pois mesmo diante da maior dor e perda, ela resistirá e lutará.



Mortes pela polícia no Rio de Janeiro

 


O número de mortos pela polícia do Rio de Janeiro, segundo os dados fornecidos pela mesma polícia, através do ISP (Instituto de Segurança Pública), cresceu 40% entre 2013 e 2014, de 416 para 548.

Essa tendência se manteve neste ano, se formos comparar os meses de fevereiro de 2014 e de 2015, o aumento registrado foi de 48,2%.

Apenas no mês de fevereiro deste ano teriam sido 83 mortes. O Rio de Janeiro também concentra 60% das mortes de crianças por policiais ocorridas em todo o país.

Nos últimos 12 anos, pelas estatísticas oficiais, foram 50 casos, quatro vezes mais que São Paulo.

Seguramente o número real é dezenas vezes maior, pois a grande maioria dos crimes cometidos por policiais seguem impunes e sem serem esclarecidos.

As vítimas entram nas estatísticas dos milhares de homicídios não esclarecidos e dos milhares de desaparecimentos que enlutam o Rio de Janeiro a cada ano.



Ilustração da Lei Geral da Acumulação Capitalista no Rio de Janeiro

 


No capítulo 23 do Capital, em que trata da Lei Geral da Acumulação Capitalista, Marx escreveu uma sessão dedicada à ilustração dessa lei, aos exemplos da ocorrência dela na realidade.

Neste trecho ele cita inúmeros exemplos do horror ao qual estão submetidos os trabalhadores na escravidão capitalista.

Ele se debruça sobre o caso de diversas regiões inglesas que apresentavam taxas elevadíssimas de mortalidade materna e de bebês, trabalho infantil, condições insalubres de moradia, expulsão da terra, entre outras tragédias e suplícios como o genocídio por fome na Irlanda.

Não se tratavam apenas de exemplos pontuais, de casos isolados. Milhões de trabalhadores eram esmagados pelo que Marx demonstrou ser a própria dinâmica do capitalismo, acumulando riqueza em um lado da sociedade e miséria, torturas do trabalho, escravidão, ignorância, brutalização e degradação moral no outro.

O Rio de Janeiro dos dias de hoje fornece material de sobra para ilustrar essa trágica lei. Os que moram nas favelas e nas periferias são vistos pelo sistema como um simples exército industrial de reserva, ou seja, uma massa de desempregados que deve existir para, entre outras coisas, permitir que os capitalistas reduzam os salários e os direitos dos trabalhadores empregados.

Além da repetição de todas as desgraças sofridas pela classe operária inglesa do século XIX, citadas acima, os trabalhadores cariocas são vítimas, no século XXI, de um genocídio cometido por disparos de armas de fogos, muitos deles efetuados por policiais.

Esse massacre também tem suas causas fundamentais no conjunto de leis apresentadas por Marx.

Júlio P.S.

Fora PM assassina!


Fui morar na Vila Cruzeiro quando tinha 7 anos. Hoje já não moro mais lá, mas ainda trabalho numa escola da favela (ou comunidade como a burguesia e a mídia gostam de falar), e durante esses anos todos vejo que a polícia militar continua a mesma, tratam os moradores como se fossem bandidos, vagabundos, isto é, sem respeito algum.

Naquela época, quando eu ainda era criança estávamos em plena ditadura militar e me lembro deles (os PMs) puxando os supostos bandidos amarrados por uma corda no pescoço.

Os anos passaram e pelo visto nada mudou.

Hoje inventaram a tal da UPP ( Unidade de Polícia Pacificadora) que de pacificadora não tem nada. Lembrem-se que o exército de Hitler também era chamado de pacificador.

É um cinismo por parte das autoridades dizerem que vão ocupar novamente o Complexo depois da morte do menino Eduardo, pois foram esses PMs assassinos que mataram o garoto.

Fora PM assassina, fascista e covarde! Resquício da ditadura militar.



Elisabeth Almeida 


Fonte: Inverta, Jornal, matéria publicada em, 30/04/2015.



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