A tentativa bizarra de Alexandre Garcia e Netanyahu de reconstruir a história



Por Carlos Fernandes[*]



 
 
 
O primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, cometeu nesta quarta-feira uma das maiores atrocidades intelectuais de sua já escandalosa atuação à frente daquele país. 

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Movido pelo seu ódio cego contra o povo palestino, tentou simplesmente modificar um dos eventos mais vergonhosos da história da humanidade, atribuindo a responsabilidade pelo genocídio de 6 milhões de judeus ao líder religioso da Autoridade Palestina à época.


De uma só vez, não só fez uso dos mais sórdidos argumentos para incriminar injustamente um inimigo político como “absolveu” o carrasco de seu próprio povo em troca unicamente de uma legitimidade para seus atos que jamais irá possuir. Diante da imensa repercussão mundial que esse absurdo causou, voltou atrás poucas hora depois e admitiu que o responsável incondicional pelo nazismo era tão-somente o próprio Hitler.

Netanyahu tentou de forma infame ludibriar a todos para que seus objetivos fossem mais facilmente alcançados. Porém, diante de todos os fatos que o desmentiam e deixavam evidentes as suas segundas intenções, não houve alternativa a não ser reconhecer a verdade histórica e tentar se redimir da melhor forma possível.

O caso foi um desastre do início ao fim.

No Brasil, a oposição política liderada por Aécio Neves conseguiu, nesta mesma quarta-feira, ser pior do que Netanyahu e toda a sua falsidade ideológica. Em menos de 24 horas depois de terem admitido que diante de todas as provas que incriminam Eduardo Cunha este não possuía mais legitimidade para estar à frente da presidência da Câmara dos Deputados, voltaram atrás.

Contra tudo que poderia definir o que é decente, ético e moral afirmaram com todas as letras que Cunha possui toda a legitimidade necessária para tomar qualquer decisão.

Ou seja, fizeram exatamente o caminho oposto do realizado pelo líder israelense. Enquanto este partiu de uma mentira descarada para depois admitir a verdade que se impunha, a oposição partiu de uma verdade que se impõe para chegar a uma mentira descarada.

Idênticos mesmo apenas o semelhante desejo de incriminar injustamente uma inimiga política, a utilização de inverdades para enganar a todos, o desejo de encontrar atalhos para atender os seus anseios pessoais e a tentativa de inocentar um criminoso internacionalmente conhecido.

Se já é extremamente difícil tentar explicar as razões que norteiam os pensamentos de Benjamim Netanyahu nas suas desesperadas tentativas de condenar todo um povo que busca simplesmente a sua liberdade e independência, é praticamente impossível entender a lógica da oposição brasileira que, indiferente a todos os fatos, não desiste de tentar incriminar um governo por crimes que não cometeu.

Mais do que isso, buscam até culpá-lo pelas tentativas de reparar as injustiças seculares cometidas contra grupos étnicos e raciais brasileiros invertendo completamente a relação de causa e efeito.

Numa das maiores demonstrações de como um jornalista pode desinformar o seu público, Alexandre Garcia ultrapassou todos os limites da sanidade mental. Num esforço descomunal para desconstruir a história brasileira e o seu regime escravocrata, chegou à ridícula conclusão que o racismo no Brasil só passou a existir após a adoção das cotas raciais. Simplesmente não há como um cidadão minimamente inteligente compreender um raciocínio tão rasteiro.

Como Netanyahu, ele reconstruiu à sua maneira a história.

Talvez a única maneira para entender Garcia seja recorrer aos recentes esclarecimentos do grande filósofo contemporâneo brasileiro Wanderlei Silva, que na sua juventude já se dedicava à prática de esportes que exigiam grandes conhecimentos políticos, históricos e econômicos como o MMA.

Quando questionado sobre a verdadeira responsabilidade de uma obra inacabada pelo governo do estado de Goiás, atribuída por ele a Dilma, Wanderlei respondeu sem nem titubear: “Que se fod
a de quem é a obra.”

Eis a lógica da razão pura da oposição brasileira.

* Economista com MBA na PUC-Rio, Carlos Fernandes trabalha na direção geral de uma das maiores instituições financeiras da América Latina

Fonte: DCM

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