A crise do capital e a virada na luta em defesa do governo Dilma
O caráter orgânico da crise do capital, que coloca a acumulação capitalista em cheque devido à erosão do paradigma da mensuração do valor.
O caráter orgânico da crise do capital, que coloca a acumulação capitalista em cheque devido à erosão do paradigma da mensuração do valor, à medida que o tempo socialmente necessário deixa de ser parâmetro em razão não apenas do aumento da composição orgânica do capital resultante do processo de automação, mas também da conversão da ciência e da educação em forças produtivas centrais à reprodução do capital, exige análise que permita identificar as determinações de suas características e tendências principais.
Na última segunda feira, 24 de agosto, a bolsa de Xangai despencou 8,5%, o índice Dow Jones da bolsa de Nova Iorque caiu mais de mil pontos nos primeiros dez minutos de apuração, a maior queda durante a abertura de um pregão em seus 120 anos de história, a Ibovespa de São Paulo abriu em queda de 6,5%; em todo o mundo, os mercados perderam 4,8 trilhões de dólares. Dia de pesadelo nas bolsas, diz a imprensa dos monopólios.
Uma bolha se rompeu sem muita intervenção do governo chinês, mesmo assim, os pontos da bolsa em Xangai ainda estão cerca de 40% acima do que estavam em agosto do ano de 2014. O mesmo não vale para o índice Dow Jones, da bolsa de Nova Iorque, que se encontra -1.36% abaixo do seu nível há um ano atrás. Reafirma-se que na China o que se busca é controle sobre o mercado financeiro, nada que se assemelhe à política dos Estados capitalistas de queimar divisas para salvar especuladores.
O crescimento dos países centrais, embora lento, vinha preparando este abalo no sistema. A prosperidade no centro, resultado da centralização de mais-valia produzida no restante do mundo, é acompanhada pelo declínio do ciclo economico dos países emergentes. Desde 2013, é possível acompanhar a assincronia e correlação (altas e baixas) entre os ciclos econômicos dos países de economia avançada e os países considerados emergentes.
A recente especulação sobre uma possível elevação da taxa de juros nos Estados Unidos sinaliza a precária recuperação de sua economia e, em contrapartida, graves problemas para os países periféricos. A exploração imperialista entre nações se acirrará, e naturalmente crescerão os conflitos violentos em todo o mundo.
Durante o período de crise mais aguda nos países centrais, o Brasil e os emergentes em geral foram obrigados a manter o crescimento do PIB além de seus limites absolutos, o que explica a pletora de capitais (bolha) criada em torno do consumo. O resultado da explosão da bolha foi o mergulho na recessão, já visível no segundo semestre de 2013. Acrescente-se, no caso do Brasil, a guerra econômica em torno das eleições presidenciais de 2014, quando as oligarquias locais trocaram seus investimentos na produção nacional por investimentos em títulos da dívida dos EUA para aprofundar o ambiente recessivo na esperança de levar a candidata Dilma à derrota.
O caráter dependente do capitalismo, no Brasil, obriga o país a necessitar sempre de capital externo para manter sua rotação de capital nacional nos níveis exigidos pelo imperialismo. Com isso, governos com alguma contradição com esses interesses ou são impedidos de governar ou derrubados, como exemplificam os casos do segundo governo Vargas e o governo João Goulart. Dilma tem esta espada sobre a cabeça.
“Nos maus tempos da lida, eu envergo mas não quebro”, afirmou a presidenta em meio ao furacão. Uma palavra que animou milhares de pessoas no último dia 20 de agosto em todo o país e marcou uma importante virada na luta contra o golpe. Nas ruas, em todos os estados, o povo se levantou em defesa do governo legitimamente eleito e pelos direitos sociais e trabalhistas, e exigiu que o preço da crise não desabe mais uma vez sobre as costas de quem constrói o capital com seu trabalho. Vários setores da sociedade já vinham demonstrando com veemência sua oposição ao golpismo, como o manifesto dos juristas no Dia do Advogado, em 11 de agosto, de grande repercussão no meio jurídico e acadêmico. Os manifestantes do dia 20 marcharam unificados na defesa do governo democraticamente eleito e que os trabalhadores não paguem pela crise.
Nada que signifique calmaria, pois o imperialismo estadunidense, em aliança com as oligarquias locais, vai continuar a patrocinar conjunturas golpistas, como as denominadas “primaveras árabes”, responsáveis por tragédias como as da Líbia e Síria. O veneno vai continuar a ser destilado na mídia golpista, não há dúvida, mas houve uma inflexão importante. O povo voltou às ruas com vontade de lutar em defesa de seus interesses, ficou visível o contraste entre as manifestações do dia 20 e a defesa do fascismo, o deboche e o desrespeito aos direitos humanos e à democracia no ato do dia 16. Uma inflexão importante que levou os golpistas a recuarem e se desarticularem momentaneamente, mas que continuam com seus monopólios midiáticos intocados e ameaçadores, como no episódio da bomba contra o Instituto Lula; e da mesma forma na mesa do congresso, onde ameaçam com redução da maioridade penal, ampliação da terceirização, reforma política conservadora e revisão do modelo de partilha do pré-sal e outros crimes contra o povo pobre e a nação.
Como lição do dia 20 de agosto, fica a necessidade de se avançar na formação de uma frente que tenha a perspectiva de sustentar a tendência anti-neoliberal e trabalhar para além do imediatismo eleitoral.
As medidas apresentadas no último dia 14 de setembro reafirmam a orientação que o governo Dilma vem dando no enfrentamento da crise do capital. Sem romper com o neoliberalismo, não cede às pressões dos setores mais reacionários das oligarquias, ansiosos por privatizar a previdência e desestabilizar o governo ou mesmo recorrer ao golpe de Estado, como mostram as mais variadas ameaças à democracia que se transformaram em rotina na mídia dos monopólios.
As medidas do ajuste fiscal são pontuais, e isso deixa os golpistas em frágil posição. Mesmo no que elas têm de mais positivo são provisórios, como é o caso da CPMF para a previdência, proposta para valer no prazo de quatro anos. Quanto ao adiamento do reajuste dos servidores, os trabalhadores não podem defendê-lo obviamente, mas nada que se compare aos seis anos sem reajuste de FHC. Com isso o governo Dilma retomou a iniciativa e colocou a maioria conservadora do Congresso em dificuldade porque à medida que rejeite ou inviabilize as propostas se expõe junto à opinião pública. Ao propor o debate, Dilma coloca os golpistas de ontem e de hoje e em delicada posição: durante a ditadura, não cansaram de cassar mandatos e fechar o Congresso tantas vezes quantas lhes interessassem. Para aqueles que ameaçam com o golpe, fica a lição de um governo que não escolhe sacrificar os direitos sociais aprovados na Constituição de 1988, e mesmo com todas as limitações, não se dobrou ao verdadeiro objetivo das oligarquias, que é a privatização da Previdência.
Os limites da administração do capitalismo, que o caráter de crise de transição para um outro modo de produção reafirma, vão mais cedo ou mais tarde se tornar insuperáveis, cabendo desde já somar forças para uma plataforma anti-imperialista e antioligárquica que constitua um grande movimento operário e popular pelo socialismo.
Contra o golpe e em defesa do governo Dilma!
Contra a terceirização e os demais atentados aos direitos trabalhistas!
Não à redução da maioridade penal!
Contra o projeto de lei que acaba com a demarcação de terras indígenas e quilombolas!
Contra a criminalização dos movimentos sociais sob a falsa alegação de antiterrorismo!
Por legislação que combata a influência do poder econômico nas campanhas eleitorais!
Em defesa do processo de paz na Colômbia!
Fonte: Inverta - Voz Operária.
Fonte: Inverta - Voz Operária.
Todos os segmentos de esquerda deveriam restabelecer junto às massas suas preocupações com a formação política, e com a cultura comunista marxista-leninista, também em sua formação.
Zedotoko
“A revolução se faz pelas massas e para as massas. Essa é a razão de existir do Partido, e todo o seu prestigio, toda a sua autoridade estará em relação com a ligação real que tenha com a massa. Esse Partido não terá autoridade perante a massa por ser Partido, mas será Partido pela autoridade e o prestígio que tenha perante as massas. Se não tem conexão com as massas, nem prestígio e autoridade perante as massas, não é Partido; torna-se uma organização raquítica, pobre, e será cada vez menos Partido, porque sua razão de ser estava em sua vinculação com as massas”
Citação: Fidel Castro,
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