O anticomunismo, artifício do aparato repressivo mundial - como será feito com a Islamofobia

"Necessário se faz reiterar a relevância do papel da imprensa na construção de um imaginário negativo a respeito dos comunistas. Na relação sujeito narrador e leitor, o jornalista é visto como alguém que detém o conhecimento “se investe e é investido pelo leitor como aquele que sabe”. Portanto, quem escreve usufrui uma posição privilegiada para influenciar o leitor, pois este busca em seus escritos uma complementação de saber." (1)

"Quem compara o socialismo ao nazismo, por uma questão de semântica, se esquece de que, sem a heroica resistência, o complexo industrial-militar, e o sacrifício dos povos da União Soviética — que perdeu na Segunda Guerra Mundial 30 milhões de habitantes — boa parte dos anticomunistas de hoje, incluídos católicos não arianos e sionistas, teriam virado sabão nas câmaras de gás e nos fornos crematórios de Auschwitz, Birkenau e outros campos de extermínio.

Espalha-se, na internet — e um monte de beócios, uns por ingenuidade, outros por falta de caráter mesmo, ajudam a divulgar isso — que o Golpe Militar de 1964 — apoiado e financiado por uma nação estrangeira, os Estados Unidos — foi uma contrarrevolução preventiva. O país era governado por um rico proprietário rural, João Goulart, que nunca foi comunista. Vivia-se em plena democracia, com imprensa livre e todas as garantias do Estado de Direito, e o povo preparava-se para reeleger Juscelino Kubitscheck presidente da República em 1965.

1964 foi uma aliança de oportunistas. Civis que há anos almejavam chegar à Presidência da República e não tinham votos para isso, segmentos conservadores que estavam alijados dos negócios do governo e oficiais — não todos, graças a Deus — golpistas que odiavam a democracia e não admitiam viver em um país livre.

Em um mundo em que há nações, como o Brasil, em que padres fascistas pregam abertamente, na internet e fora dela, o culto ao ódio, e a mentira da excomunhão automática de comunistas, as declarações do papa Francisco, lembrando que os marxistas são pessoas normais, como quaisquer outras — e não são os monstros apresentados pela extrema-direita fundamentalista e revisionista sob a farsa do “marxismo cultural” — representam um apelo à razão e um alento." (2)

"A Revolução Russa de 1917 foi o evento que proporcionou repercussão mundial aos princípios ideológicos do Socialismo e do Comunismo. Formar-se-ia naquele ano a União das Repúblicas Socialistas e Soviéticas (URSS), que adotaria essa vertente ideológica para gestão do Estado. Nas décadas seguintes, o modelo obteve êxito e foi capaz de participar da Segunda Guerra Mundial contra a Alemanha, derrotando-a na frente de combate oriental. A União Soviética e os Estados Unidos se consagrariam como os principais vencedores do conflito internacional, substituindo-o por um novo confronto. A oposição ideológica entre capitalismo e socialismo/comunismo marcada pelos dois países geraria um confronto sem embates diretos chamado Guerra Fria, evitando o choque militar entre os dois países. A disputa pautava-se pela expansão da influência da ideologia no mundo e, neste confronto de ideias, semeou-se o temor à ideologia socialista/comunista.

Embora existissem discursos contrários ao
comunismo desde o século XIX, foi durante a Guerra Fria que eles se expandiram e se tornaram uma arma muito importante no confronto ideológico. Os Estados Unidos adotaram explicitamente uma política anticomunista no mundo, sobretudo após o governo de Ronald Reagan. Enquanto o país norte-americano e a União Soviética dialogavam no plano diplomático, expandia-se o ideal anticomunista no cotidiano, semeado em toda e qualquer frente possível de ação.

O Anticomunismo não é um movimento político propriamente dito, ou seja, coerente, unificado e institucionalmente organizado. Trata-se de um ideal seguido por partidos políticos, governos e indivíduos de variadas atuações. Não há uma precisa definição do comunismo e de seus seguidores ou mesmo da forma de combatê-los. Em geral, os anticomunistas se preocupam com as ameaças às propriedades privadas e ao capitalismo, mas existem várias outras frentes de oposição.

Diversos países adotaram leis e práticas claramente anticomunistas. Por sua vez, a Igreja Católica pronunciou-se condenando oficialmente toda e qualquer forma de comunismo. Este cenário gerou governos que perseguiam severamente qualquer indivíduo relacionado com ideais de esquerda. A bandeira anticomunista era fundamental nos regimes nazifascistas de extrema direita estabelecidos na Alemanha e na Itália a partir da década de 1920. Com o final da Segunda Guerra Mundial e o advento da Guerra Fria, os Estados Unidos implantaram uma severa perseguição aos comunistas em seu território e exportaram esta postura para diversos outros países. Na América Latina, por exemplo, houve casos extremos de conduta anticomunista regendo países como Argentina, Chile e Brasil. Os três países viveram árduas ditaduras marcadas pela perseguição, censura, desaparecimento e assassinato de opositores políticos ou defensores de condutas consideradas de esquerda na política. Embora essas ditaduras militares tenham adotado o liberalismo econômico de influência estadunidense, rejeitavam o liberalismo

Fontes:
(1) A paranóia anticomunista norte-americana
www.ibamendes.com/2011/06/paranoia-anticomunista-norte-americana.html
(2) - leonardoboff.wordpress.com/2013/12/17/contra-a-imbecilidade-do-atual-anticomunismo/
(3) Religião e patriotismo: o anticomunismo católico nos Estados Unidos e no Brasil nos anos da Guerra Fria
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882002000200010
Onda vermelha: imaginários anticomunistas brasileiros (1931-1934)
http://migre.me/o7s9f

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