Documentário: 7 x 1? Não é a vergonha que escondemos

No filme, “Domínio Público” o registro do uso da extrema violência policial, jurídica e política contra a população do Rio para garantir a Copa

O filme: DOMÍNIO PÚBLICO



A goleada de 7 x 1 para a Alemanha feriu o orgulho do torcedor brasileiro que viu o tsunami de expectativa pelo hexacampeonato transformar-se em profunda frustração. Contudo, sobre outras feridas ainda abertas e muito mais dolorosas, pouco se fala.

Entre 2011 e 2014, Fausto Mota, Raoni Vidal e Henrique Ligeiro, registraram no filme “Domínio Público” o uso da extrema violência policial, jurídica e política contra a população do Rio de Janeiro, em especial os mais pobres.
Afetada pelas transformações da cidade para receber os maiores eventos comerciais da humanidade, Copa do Mundo FIFA 2014 e Olímpiadas 2016, boa parte da população carioca teve seus direitos civis rasgados pelas autoridades.
“Domínio Público” mostra como a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas favelas, as remoções forçadas e as privatizações de espaços públicos já fermentavam o caldeirão da capital fluminense para a fúria das revoltas populares eclodidas em massa – com o estopim dos 20 centavos – em junho de 2013. Em resposta aos anseios da população manifestados nos protestos, mais repressão
Os jogos onde a plateia é a elite branca, o estado de exceção, a militarização da vida e o processo de gentrificação são antecipados nas entrevistas feitas com o geógrafo David Harvey, o ex-jogador de futebol e deputado federal Romário, o jornalista esportivo Juca Kfouri, professor da UFRJ Carlos Vainer e o deputado estadual Marcelo Freixo.
Viabilizado financeiramente por meio da plataforma colaborativa catarse.com, o filme saiu da ilha de edição direto para internet em maio deste ano, onde, justificando o nome, deve ser baixado, visto e compartilhado.
As histórias da execução e desaparecimento de Amarildo, a expulsão da aldeia Maracanã e a resistência das comunidades do Vidigal, Vila Autódromo, Providência e toda a Zona Portuária estão lá.Juntando os cacos da derrota e sob a suprema pergunta nacional: Quem será o novo técnico da seleção, há algumas verdades com as quais ainda iremos nos deparar: quantos mortos, torturados, presos, amputados e famílias despejadas estes eventos criaram? Destas respostas virá a pergunta: Isso tudo valeu a pena?

Fonte: Le Mode Diplomatique Brasil

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