Tese para o 13o Congresso Nacional - PCdoB: O Resgate da Cultura Comunista, nos dias de hoje.
por
Jose Carlos (Zedotoko Costa)[*]
Tentarei
contribuir para o Congresso, buscando uma abordagem que nos remeta a
reflexão, e/ou autocrítica, sobre nossa nobre participação, ou
apoio , enquanto partido, aos atuais governos populares e o caráter
científico, revolucionário, da teoria marxista-leninista,
referência, do PCdoB, como partido, de luta, ação,
internacionalista, ou seja, historicamente, revolucionário, já na
sua origem.
Creio
ser relevante a atuação do PCdoB, no governo assim como os demais
partidos, no que tange, sobretudo, a governabilidade, do país, porém
entendo que o PCdoB não se compara a nenhum desses partidos, não
querendo aqui os desqualificar, ideologicamente, falando.
Portanto,
penso que o Partido deveria rever sua aliança com o governo,
buscando preservar o caráter revolucionário, de luta, etc,
supracitado, que fazem parte de sua história., pois, a política
reformista, de mercado estabelecidas são antagônicas ao
marxismo-leninismo.
Ora
o marxismo já afirmara, que: a economia determina a política.
Argumenta que, em última instância, é o mercado mundial que
determina a política em qualquer área do mundo e, portanto, a vida
política dos Estados.
Também,
que a pluralidade dos grupos capitalistas reflete-se no pluralismo
político e aos vários centros do poder econômico corresponde a uma
variedade de posições políticas. A democracia como sistema
específico político permeia e autoriza o modo de produção
capitalista. É, nesse sentido, é o melhor invólucro, o mais
funcional, mecanismo de expressão dos interesses econômicos, dos
grupos da classe dominante, em vontades e decisões políticas, e em
resultados.
E
por falar em classe dominante, Marx também dizia, em O Capital:
Só existem dois pontos de partida: o capitalista e o operário. Todas as demais categorias de pessoas, ou recebem dinheiro por seus serviços, dessas duas classes, ou então, são coproprietários da mais-valia em forma de rendas, juros, etc”
Havendo,
portanto, apenas duas forças políticas, a capitalista e a
operária. Mas uma vez que existem frações de classe
correspondentes à troca dinheiro-serviço, e as formas de
propriedade da mais-valia, ocorre o fracionamento das forças
políticas fundamentais. Temos a pluralidade das correntes políticas.
Nesse sentido, todo partido leva água para seu moinho. Quem não
fizer isso, a levará para os moinhos dos outros.
Ainda
sobre classe dominante, nos cabe analisar a carta de Marx, de março
de 1852, onde está escrito:
“O
que fiz de novo foi demonstrar: 1) que a existência de classes está
ligada apenas a determinadas fases históricas do desenvolvimento da
produção; 2) que a luta de classes leva necessariamente, à
ditadura do proletariado; 3) que esta ditadura em si mesma apenas
constitui a transição para a abolição de todas as classes e para
uma sociedade sem classes”.
Diante
do exposto como discutir equidade na saúde, na educação,
alimentação, medicamentos, sustentabilidade? Sabemos que é o
mercado financeiro que estabelece a política de Estado a ser seguida
e que o que prevalece, no final, é a mais-valia, e não o
“bem-estar” da sociedade que faz a diferença: Ou seja, gera o
tão desejado LUCRO.
Como
pautar o povo por mais participação nas decisões de governo se
estamos diante de um congresso viciado, cujo, único compromisso, com
exceção de poucos engajados, ideologicamente, é com a burguesia
empresarial, nacional e transnacional, banqueiros, etc, ou seja com a
atual política imperialista, nacional e multinacional.
Poucos
teriam competência para realizar debate de um projeto Brasil, a
curto, médio e longo prazo, com participação popular.
Quanto
ao parlamento, ainda convém ressaltar, não nos iludamos, a
tendência é piorar, no que diz respeito, a qualidade dos
congressistas, em sua grande maioria, despreparada, intelectualmente,
e com isso a reforma política, e a democratização da mídia não
passa, apenas, de uma ideia, ninguém quer discutir entre si, e nem
tampouco com a sociedade, sobretudo, os oportunistas, os reformistas,
travestidos de representantes do povo.
E
como invertermos esta lógica estrutural?
Só
através das ações efetivas do PCdoB, e como o partido já tem
construído um novo projeto de desenvolvimento nacional, por que não
incluirmos propostas revolucionárias, apontando para uma nova ordem
estrutural, onde o Estado é que estabelecerá a política, a ser
seguida, buscando ser mais contundente, polêmico, ousado, e assim
ser ouvido pelos demais aliados, debater junto a classe política, e
sobretudo, com a população, viabilizando o seu projeto
Contudo,
após o período da Globalização econômica mundial, as tão
promulgadas teorias marxistas, que em tese é a meta do comunismo que
apregoamos, teve que balizar-se à pressão do CAPITAL.
Culturalmente,
todos os segmentos de esquerda deixaram de estebelecer junto a
sociedade brasileira suas preocupações com a formação política ,
e com a cultura comunista.
Tudo
foi diluído em ações de associação ao Governo, e desta forma, a
nossa identidade cultural, o vermelho de nossa bandeira confluiram
aos vermelhos trabalhistas do partido governante.
Somos
parceiros, mas não devemos ser absorvidos sem discussão profunda de
todos os pontos convergentes e divergentes nessa relação.
Por
mais difícil que seja para nós, o resgate de nossa própria
história é necessário, e fundamental para aclarar a nossa atuação
pública.
Do
contrário, soaria no mínimo esquizofrênico o modelo de Poder que
servimos e ajudamos a construir, do qual realmente ambicionamos
implantar neste PAÍS.
*Militante,
PCdoB, RJ, Funcionário Publico, DATASUS/MS - RJ
Proletários
do mundo inteiro, uni vos!
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