O fundamento científico da Luta de Classes

Círculo Operário / Intervenção Comunista


Por Zedotoko Costa[*], do livro Invólucro Político

Não existe para o proletariado escolha entre a política reformista e e a política revolucionária. A política proletária só pode ser uma, a que reflete os interesses imdeiatos e históricos da classe antagônica ao capital.
O marxismo exige de nós que tenhamos em conta do modo mais preciso e objetivamente verificável a correlação das classes e as particularidades concretas de cada momento histórico. Nós, bolcheviques, sempre nos esforçamos por ser fiéis a esta exigência, absolutamente obrigatória do ponto de vista de qualquer fundamentação científica de uma política, afirma Lênin numa carta sobre a tática em abril de 1917:
Nesse sentido, Lênin recorda, “nossa doutrina não é um dogma, mas um guia para a ação”, porque é dogmática a ação política que não tem uma fundamentação científica e que não adota como critério único e supremo da doutrina marxista a sua correspondência com o processo real da evolução social e econômica.
Periodicamente, são lançadas contra o marxismo campanhas que se dizem antidogmáticas, até mesmo pelos que têm uma concepção religiosa da natureza. Uma dessas campanhas está em curso contra o leninismo em nome do pragmatismo político e pluralista. Mas que fundamento tem uma política que não se baseia numa análise precisa e verificável, a não ser um ou vários preconceitos? O que são a democracia ou o autoritarismo, a liberdade ou a ditadura, o pluralismo ou o totalitarismo, tomados como critério de análise e de ação política, senão preconceitos? Eles existem apenas como conceitos ideológicos, não como realidade analisável e objetivamente verificável por meio de critérios científicos sujeitos a verificação.
Portanto, a política que não tiver uma fundamento científico qualquer é dogmatismo. O leninismo, enquanto coerência na abordagem científica da ação política, não pode ser separado da teoria que torna possível a análise da realidade. Justamente porque teoria e ação são correspondentes ao processo real, elas têm a possibilidade e a força para serem princípios, exatamente os princípios do comunismo. As teorias e as políticas burguesas, assim como as oportunistas, que são sua filiação piorada, não se baseiam em princípios objetivos, como os do comunismo, mas sim em crenças subjetivas que podem até ser muito difundidas e profundamente enraizadas, mas que enxergam apenas a superfície dos processos reais.
Em O capital, Marx diz que “o elemento ideal nada mais é do que o elemento material transferido e traduzido no cérebro dos homens”. É esta a base objetiva da ação política. Nos marxistas não a negamos, pelo contrário, somos marxistas precisamente porque reconhecemos isso. Se, além disso, nos esforçarmos para basear continuamente a nossa ação política numa análise precisa e tivermos êxito, então seremos marxistas consistentes, não porque alguém deveria admiti-lo, mas porque o processo real iria comprová-lo em sua evolução. Poderíamos, no entanto, cometer erros e não ser bons marxistas, mas o processo real não iria mudar por isso. Ele deveria, de qualquer modo, ser analisado cientificamente,. Isto é, algo que nunca vai conseguir fazer quem, por crença subjetiva, rejeita a determinação material da política, ou seja, rejeita o fato, e não a ideia, de que a sua ideia é a tradução do elemento material . Ciência é consciência deste fato, dogma é exatamente o oposto.
A nossa política leninista se baseia, portanto, numa análise científica da luta no mundo e em qualquer metrópole. A nossa análise usa a dialética materialista, usa o método que permite identificar as tendências de fundo e ir além dos fenômenos aparentes, precisamente, porque se esforça para ser científica. Muitas vezes o que parece não corresponde ao que realmente se move, ao que inevitávelmente virá à tona. Traduzido em termos politicos, isso significa que a relação de forças real não é o que aparece na superfície. Isso se aplica às classes, às frações de classe, aos movimentos políticos.
O desenvolvimento do partido leninista, em qualquer país, não deveria ser apenas e nem tanto um processo um processo subjetivo. É um produto histórico de um processo objetivo da luta de classses que a vontade e a capacidade subjetiva podem acelerar ou retardar, como infelizmente aconteceu, mas que certamente não podem criar. Sem esse processo objetivo, o desenvolvimento do partido leninista não seria uma realidade, mas um desejo utópico e sectário.
Utópico porque baseado numa ideia que se faz da realidade, mas que não corresponde a como a realidade se move. O comunismo, diz Marx, não é a ideia de pretender mudar a realidade, mas é o movimento real, o devir da realidade. É um devir histórico que abarca o tempo. É o operar de uma tendência histórica de fundo. Isso pode não aparecer, e às vezes não aparece por décadas inteiras.
Por isso os comunistas sempre foram definidos utópicos, além de dogmáticos. Na realidade, utopistas são os burgueses e os oportunistas, porque acreditam, sem poder comprová-lo cientificamente, que seu reinado vai durar para sempre. Por outro lado, é sectário o desejo de um desenvolvimento do partido leninista não determinado pelo movimento real, porque pretenderia substituir a dinâmica real das classes pela vontade de um grupo de homens.
O marxismo, justamente por ter dado um fundamento científico à luta política, definiu pela primeira vez, e de uma vez por todas, a verdeira natureza do sectarismo. O sectarismo não é, portanto, a direção organizada dos movimentos reais. Todos os grupos políticos que dirigem efetivamente os movimentos reais das classes o fazem de acordo com interesses, metas e objetivos correspondentes às tendencias imediatas e históricas que neles operam.
“Só existem dois pontos de partida: o capitalista e o operário. Todas as demais categorias de pessoas, ou recebem dinheiro por seus serviços, dessas duas classes, ou então, são coproprietários da mas-valia em forma de rendas, juros, etc”., precisa Marx em O capital.
Como ponto de partida, portanto, existem apenas duas forças políticas, a capitalista e a operária. Mas uma vez que existem frações de classe correspondentes à troca dinheiro-serviço, e as formas de propriedade da mas-valia, ocorre o fracionamento das forças políticas fundamentais. Temos pluralidade das correntes políticas. Nesse sentido, todo partido leva água para seu moinho. Quem não fizer isso, a levará para os moinhos dos outros.
É justamente a análise científica dos fenômenos sociais que permitiu ao marxismo identificar a colocação da política oportunista no movimento operário como expressão das frações burguesas. A partir dessa grandiosa descoberta científica, o nosso partido leninista desenvolve sua política de classe de acordo com as relações de força atuais e com o movimento real que existe hoje e que, sobretudo, está se formando para o amanã.

    * Colaborador / Circulo Operário, Rua Aurelino Leal, 38/202
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