O COMUNISMO É A ÚNICA ALTERNATIVA
O título do artigo foi objeto de debate, pelos membros do Círculo Operário/Intervenção Comunista, do qual faço parte, e convidados, no dia 28 de fevereiro, às 19 horas, na UFF, Campus Gragoatá, Bloco D, sala Paulo Freire, 3o andar, simultaneamente, com o lançamento do livro "O Invólucro Político", de Arrigo Cervetto.
Por Zedotoko Costa[*]
Os
10 países que mais investiram em despesas militares em 2011(bilhões
US$)
1-
Estados
Unidos 711;
2- China 143;
3- Rússia 71,9;
4- Reino
Unido 62,7;
5- França 62,5;
6- Japão 59,3;
7- Índia 48,9;
8- Arábia
Saudita 48,5;
9- Alemanha 46,7;
10-Brasil 35,4.
Em
2011 foram gastos em todo mundo US$ 1,74 trilhão com despesas
militares.
Mas
por que o mundo todo se arma até os dentes?
No
cenário internacional está se verificando uma mudança de dimensões
epocais: os chamados países emergentes (colossos de dimensão
continental como: China, Índia, Rússia, Brasil) ameaçam o status
das velhas metrópoles do Ocidente com o seu desenvolvimento
impetuoso, num confronto feroz que, no momento, está circunscrito às
finanças e ao comércio, mas que num amanhã, inevitavelmente,
mobilizará exércitos e frotas.
Nesse
cenário, o sonho da “nova fronteira” de Barack Obama já se
esvaiu sob os golpes da crise, dos financiamentos a bancos e empresas
e do maciço rearmamento americano.
Na
margem oposta do Atlântico, a burguesia europeia, para ser mais
competitiva, leva adiante o seu processo de unificação dotando-se
de instituições econômicas e políticas continentais. Mas isso
tudo ainda não é suficiente, pois Bruxelas discute a necessidade de
criar um exército europeu comum, para ecoar com mais força a
própria voz.
Um
objetivo sobre o qual estão de acordo, praticamente, todos os
partidos, de direita e de esquerda: de Hollande, que hoje (após ter
sido saudado pela esquerda como símbolo de uma Europa mais justa)
lança bombas sobre o Mali, ao professor Mario Monti, que defende a
realização de uma defesa comum - “ a União Europeia deverá
fazer frente as suas responsabilidades com a paz e a segurança
internacionais”.
Não
devemos nos iludir: a Europa é uma potência capitalista e a
ideologia do europeísmo não é senão a cortina atrás da qual se
esconde o imperialismo europeu e os interesses de classe que as
representa.
O
Brasil, de FHC, ou de Dilma, não importa é a nova potência
imperialista que quer partilhar o mundo com as outras potências,
principalmente, a partir da América Latina e da África podemos
afirmar que um dos grandes grupos do imperialismo brasileiro, por
exemplo: o grupo Odebrecht.
Quem
paga a conta são sempre os jovens: seja no âmbito do trabalho, com
a compressão dos salários e desemprego crescente nas velhas
potências, seja com a ilusão de um bem-estar progressivo e
generalizado, ascensão social, prometido e na maioria das vezes
frustrado nas novas potências. O preço será muito mais pesado
amanhã, quando o imperialismo chegar novamente ao confronto armado.
Portanto
é imperativo nos organizarmos, construirmos uma cultura leninista
revolucionária no Brasil. Para alcançarmos, tal objetivo, devemos
aplicar toda a nossa força, energia, paixão, lutando pelo comunismo
leninista, somente ele possibilitará libertar a humanidade da
exploração, das crises, das guerras.....
O GRUPO ODEBRECHT - UM DOS GRANDES GRUPOS BRASILEIROS
Ao
analisar os 20 maiores grupos brasileiros, o professor Sergio G.
Lazzarini classifica-os em quatro categorias: estatais (controlados
majoritariamente por instituições governamentais), privados
familiares (a propriedade gira em torno de um ou mais grupos
familiares), privados(a propriedade está amplamente dividida entre
empresas privadas) e estrangeiros.
O
grupo Odebrecht é classificado como grupo privado familiar, com uma
característica não muito comum no Brasil: um grupo marcado por uma
diversificação muito ampla, em setores não diretamente ligados
entre si (“Capitalismo de laços, 2011”). É um conglomerado que,
a partir da atividade tradicional de construtora de obras públicas,
tem se diversificado em produtos químicos, petróleo e gás,
energia, agroindústria, transporte e até produção bélica.
Relação
estreita entre estado e capital privado
No
ranking dos 200 maiores grupos brasileiros (de acordo com a revista
“Valor”, dezembro de 2011), o grupo Odebrecht ocupa o oitavo
lugar, mas excluindo os grandes grupos financeiros e bancários,
ocupa a quarta posição, atrás da Petrobras (petróleo), da
Vale(Mineração), da JBS(agroindústria). O volume de negócios da
ordem de R$ 71 bilhões(US$ 38 bilhões), é assim dividido: Braskem
(subsidiária química) 56,1%, engenharia e construção 31,2%, setor
imobiliário 2,5%, etanol 2,4%,, participações e investimentos
1,8%, transporte e concessões rodoviárias 1,6%, Foz do Brasil
(serviços ecológicos) 1,3%, petróleo e gás 0,9%, outros 2,2%.
Se
olharmos para as áreas geográficas, o volume de negócios é assim
dividido: 60,5% no Brasil, 19,4% na América Latina-Caribe, 16,6% na
América do Norte, Europa, Ásia e Oriente Médio e 3,5% na África.
Portanto, quase 40% do volume de negócios do grupo é realizado no
exterior, enquanto de seus 162 mil assalariados, 111mil estão
localizados no Brasil, 32 mil na América Latina, 15 mil na África e
1700 na América do Norte, Europa e Ásia.
O
grupo Odebrecht, cujas origens remontam à imigração alemã no
Brasil na segunda metade do século XIV, é certamente um dos
principais grupos em ascensão imperialista no Brasil, por seu papel
nos continentes sul-americano e africano, numa relação muito
estreita com o capital estatal e com os diferentes governos federais.
É um dos principais protagonistas da implementação dos projetos do
Programa de aceleração do crescimento (PAC), das presidências Lula
e Dilma, e de projetos de desenvolvimento de infraestrutura no
Brasil, graças as suas alianças industriais (Petrobras, BNDES). É
também um dos protagonistas dos acordos franco-brasileiros no
desenvolvimento da produção militar nacional(arsenais, submarinos
convencionais, e de propulsão nuclear).
Ideologicamente,
a defesa do capital nacional, em sua rápida ascensão imperialista e
no crescimento da concorrência com os velhos grupos imperialistas
tanto no mercado nacional como no internacional, é expressa numa
visão de oposição à reestruturação econômica que caracterizou
a década de 90 sob a égide do consenso liberal. Emílio Odebrecht,
presidente do grupo escreve:
“Entendo
a desnacionalização dos sistemas produtivos dos países em
desenvolvimento mais como uma questão política do que como uma
questão econômica. Sua principal consequência de curto prazo é a
mudança dos centros decisórios para os pontos do planeta onde não
estão em pauta nossos problemas específicos”.(S.G.
Lazzarini,op.cit.). Significa dizer que os interesses do pais são
subordinados a dinâmica dos grandes grupos estrangeiros e de seus
países de origem. Uma crítica que hoje, cada vez mais
frequentemente, é jogada contra os próprios grupos brasileiros
protagonistas da expansão de seu capital no exterior.
A
disputa entre as famílias acionistas
O
controle acionário do grupo Odebrecht é exercido através da
holding Odbinv, por sua vez controlada pela Kieppe Participações da
família Odebrecht com 62,3% e pela Graal Participações da família
Gradin com 20,6%. A relação entre os dois grupos de acionistas
majoritários remonta aos anos 70 do século passado quando Norberto
Odebrecht, fundador do grupo Bahia nos anos 40, se aliou com Victor
Gradin, economista do Banco Econômico e ex-secretário de Indústria
e Comércio do Estado da Bahia, com ideia de se expandir para o
Sudeste e o Sul do país. Gradin foi o protagonista da expansão do
grupo em nível nacional e de sua diversificação na indústria
petroquímica, a ponto de se tornar acionista do grupo com 20,6%.
Em
2010 a terceira geração Odebrecht decidiu comprar a participação
da Gradin, com base em acordos acionários anteriores, para ampliar a
participação minoritária, que atualmente está nas mãos de
dirigentes escolhidos pela primeira e segunda geração da família,
incluindo 120 novos acionistas escolhidos entre os dirigentes do
grupo. A família Gradin se opôs a venda de suas ações rejeitando
sua valorização feita pelo Credit Suisse First Boston, e recorreu à
justiça pedindo uma arbitragem. Os Gradin, que tinham a direção da
Braskem e do setor de petróleo e gás, foram forçados a renunciar.
A briga, que se tornou a maior disputada entre acionistas no país,
já chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Do
petróleo à química da Braskem
A
relação industrial e estratégica entre o grupo Odebrecht e a
companhia petrolífera Petrobras já tem mais de meio século de
idade: em 1953 ano da criação da petrolífera brasileira, o grupo
baiano foi escolhido pela Petrobras como responsável pela construção
do oleoduto Catu-Candeias, no Estado da Bahia. Nos anos de 1968-1971
construiu a matriz da companhia petrolífera no Rio de Janeiro e a
relação tem continuado no setor de perfuração e plataformas de
petróleo, na construção de estradas, portos, oleodutos no Brasil e
no mercado internacional.
A
diversificação na produção petroquímica remonta ao final dos
anos 70 e, em seguida, à aquisição do grupo Copene, em Camaçari,
no Estado da Bahia, em aliança com o grupo Mariani, até a formação
do grupo Braskem em 2001. Fabricante de resinas termoplásticas, o
grupo é líder em polipropileno nos EUA, em resinas nas Américas e
em biopolímeros no mundo, com 28 unidades de produção no Brasil, 5
nos EUA e duas na Alemanha.
A
alcoolquímica é considerada “uma das grandes apostas da Braskem”,
em parceria com a petroquisa, subsidiária da Petrobras, com os
fundos de pensão Petros e Previ (findos de pensão dos funcionários
do Banco do Brasil) e com o banco de desenvolvimento BNDES. O projeto
já se transformou em produção em escala industrial de polímeros
“verdes” baseados em álcool, com uma capacidade de 200 mil
toneladas de PET a partir do etanol na fábrica Triunfo e outras 8
unidades em construção ou renovação (Antonio e Carlo Calabrò,
“Bandeirantes”, 2011). O PET “verde” da Braskem é reciclável
e custa 30% mais do que o tradicional, mas, apesar disso, toda
produção dos próximos cinco anos já foi vendida. Um novo mercado
estimado em R$ 1 bilhão, atualmente sem concorrentes (BASF, SOLVAY E
DOW CHEMICAL no Brasil estão estudando produtos similares, mas não
têm linhas de produção). A carteira de clientes da Braskem inclui
a Tetra Pak, a Shiseido, a J&J e o grande grupo brasileiro
Natura.
Entrada
no Setor da produção bélica
Em
março deste ano, o Ministério da Defesa aprovou uma lei que prevê
benefícios fiscais e condições favoráveis na intermediação para
a compra pelo governo de equipamento militar para as grandes empresas
que participarem no desenvolvimento da indústria nacional de defesa.
Aderiram todas as maiores construtoras de obras públicas: Odebrecht,
OAS, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Engevix, Sinergy, Camargo
Corrêa.
Atualmente,
a maioria das empresas brasileiras do setor é de pequeno porte e tem
força financeira limitada para competir em nível internacional. O
objetivo do governo Dilma é conquistar o mercado latino-americano e
modernizar as próprias Forças Armadas através de um programa de
compra de equipamentos militares de R$70 bilhões até 2015.
Além
disso, a entrada das grandes construtoras, ainda que em associação
com os grandes grupos estrangeiros de defesa, permitiria proteger a
indústria nacional contra o risco de aquisições estrangeiras.
A
Andrade Gutierrez entrou em parceria com a francesa Thales, a Engevix
com a alemã ThyssenKrupp, enquanto outras estão negociando com os
ingleses da BAE Systems e os italianos da Finmeccanica.
A
Odebrecht foi a primeira a entrar no setor: no Programa de
Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) da marinha, em conjunto com a
estatal Nuclep, fez uma parceria com a francesa DCNS para a
construção de quatro submarinos convencionais e de propulsão
nuclear em Itaguaí (Rio de Janeiro), com base nos acordos
franco-brasileiros de 2009-2010. Em novembro de 2010, a manchete
“Agora eles fazem até submarinos na Odebrecht”, da revista
“Exame”, salientou o desenvolvimento tentacular da organização
Odebrecht, do concreto ao petróleo, da construção de usinas
elétricas e nucleares (Angra dos Reis) às plataformas de petróleo,
da produção petroquímica ao etanol e arsenais militares.
Em
2011, o grupo Odebrecht adquiriu o controle da empresa brasileira
Mectron, fundada em 1991 com associação de engenheiros
aeronáuticos, eletrônicos e mecânicos em São Jose dos Campos (São
Paulo) para o desenvolvimento de projetos de alta tecnologia nas
áreas de automação industrial, médica, aeronáutica,espacial,e
militar. A Mectron, desde o início, foi escolhida pela Marinha para
selecionar os fornecedores de seu programa de modernização das
fragatas da classe Niterói.
Antonio
e Carlo Calabrò, respectivamente diretor da Pirelli e gerente
executivo de governança interna do Banco Votorantim, banco privado
brasileiro, escrevem que o grupo Odebrecht até 2020 pretende
triplicar seu volume de negócios e ter mais de 300 mil assalariados.
Democracia
e Comunismo
“A
ruptura teórica entre o comunismo e a democracia não fez nada mais
que antecipar o curso histórico da luta de classes, como demonstrou
a Revolução de Outubro, mesmo que tenha permanecido inacabada, e
como demonstrará o futuro a partir do momento que se der
continuidade à obra. A democracia é anticomunista sempre e de
qualquer modo, porque a democracia é a forma capitalista por
excelência do Estado e o comunismo é uma sociedade sem classes e
sem Estado”.
Arrigo
Cervetto, “O invólucro Político”.
*Colaborador
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